Paiva, Verónica Maria de Feijão
Um dos obstáculos à conservação dos morcegos é a sua má imagem popular, associada a mitos e lendas. A Educação Ambiental é uma forma de fornecer informação acerca dos morcegos e alertar para os perigos que estes atravessam, tentando melhorar a percepção ambiental que a população tem relativamente a estes animais. Pretendeu-se avaliar o impacto que as acções de Educação Ambiental do Centro de Ciência Viva do Alviela e do Clube Bio-Ecológico Amigos da Vida Selvagem têm no público-alvo e qual o seu contributo na melhoria da percepção pública dos morcegos. Foi ainda objecto de estudo a importância do site ?Morcegos na WEB?, nomeadamente o seu contributo para a divulgação de informação científica relativa a estes animais. Observou-se que a maioria dos inquiridos neste estudo apresentam atitudes positivas em relação aos morcegos e estão bem informados sobre a biologia destes animais. Este facto pode estar relacionado com o aumento da preocupação do público em geral com a situação crítica em que muitas espécies de animais selvagens se encontram nos dias de hoje. Outro dos motivos para estes resultados poderá ser o facto de uma parte considerável deste trabalho de investigação ter sido realizada no Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, zona do país com elevada diversidade de morcegos. Apesar de uma forma geral os inquiridos terem demonstrado que estão bem informados acerca dos morcegos e preocupados com o perigo em que estes animais se encontram, é importante continuar a promover acções de educação ambiental, principalmente em anos escolares iniciais, onde se torna mais fácil informar e alterar as mentalidades. Outro dos motivos para a continuidade de acções de divulgação e educação ambiental, está relacionado com a elevada taxa de sucesso destas acções, uma vez que se observou um aumento do conhecimento sobre estes animais e uma melhoria das atitudes após a realização das mesmas.
2010
Ciências Naturais e Exactas
Tese de Mestrado
Amarante, Ana Indira Horta
O presente estudo tem como desiderato abordar a temática da Educação Ambiental com crianças da Escola de Ciência Viva de Bragança (ECVB), com idades compreendidas entre os 8 e 10 anos. Neste contexto, definiram-se as seguintes questões de investigação: Que tipos de atividades de EA se podem desenvolver com crianças? Qual o impacto do desenvolvimento e implementação de atividades de EA? Para responder às questões levantadas definimos os seguintes objetivos: planificar, desenvolver e aplicar atividades de EA; criar e desenvolver ?momentos? que criem e promovam atitudes ambientais; esclarecer os mais jovens de que a atividade humana pode alterar a dinâmica global do ambiente e provocar impactos irreversíveis; e refletir e avaliar o impacto das atividades de EA realizadas. Fruto da investigação, é do conhecimento que as crianças devem ter experiências e atividades, continuadas, para que consigam adquirir, entre outros, conhecimentos, comportamentos e competências de forma a que tenham consciência das questões ambientais. O quadro metodológico deste estudo é de natureza qualitativa e os participantes foram os alunos da Escola Ciência Viva de Bragança. Neste processo, foram construídas e implementadas atividades de Educação Ambiental, com destaque para a preservação do ambiente, causas e consequências da atividade do homem na biodiversidade do planeta. Recolhemos dados recorrendo a instrumentos como as notas de campo, grelhas de observação, fotografias e registos dos alunos, que posteriormente analisámos, recorrendo à análise de conteúdo. Os resultados evidenciam que a Educação Ambiental deve ser introduzida, trabalhada e desenvolvida nestas faixas etárias, através de diversas atividades que contribuam para a formação de cidadãos mais conscientes e informados, com competências e capacidades que os ajudem a criar soluções para os problemas ambientais. Concluímos, por estudos desta natureza, que as atividades desenvolvidas, constituem uma mais valia para a construção de conhecimentos que, futuramente, possam servir como impulsionadores de atitudes e comportamentos ambientalmente corretos, desenvolvendo competências nos domínios pessoal, social e ambiental.
2019
Ciências da Educação
Tese de Mestrado
Nenevê, Gabriel Henrique
Novas abordagens em fontes renováveis e o crescente interesse pelas tecnologias de energia limpa atualmente se remetem ao contexto da guerra na Europa, ao aumento dos preços da eletricidade, ao esgotamento das reservas de combustíveis fósseis, e a questões ambientais. Outrossim, muitos países europeus podem desenvolver e se beneficiar de um potencial hidroelétrico ainda inexplorado, aproveitando novas e emergentes soluções para a geração distribuída em pequena escala. Quanto a sistemas pico-hídricos de pequeno escala, muitos investigadores têm estudado a aplicação de bombas centrífugas a funcionar como turbinas (BFT), uma vez que são fáceis de instalar, de baixo custo, menos complexas de operar, produzidas em massa, e disponíveis para uma vasta gama de cota e de caudal. Contudo, selecionar uma BFT não é tão simples, posto que os fabricantes de bombas não fornecem curvas de desempenho para o funcionamento inverso. Portanto, com base em vários autores, concebeu-se um sistema pico-hídrico de pequena escala para ser implementado no Centro Ciência Viva de Bragança utilizando duas BFTs, cuja seleção e previsão de desempenho foram realizadas através de um procedimento fácil e confiável. Propõe-se uma solução considerando três escalões de geração de energia para elevadas quotas de autoconsumo, prevendo uma geração de energia de 57% do consumo total anual. Ademais, foram realizados testes preliminares no laboratório, ainda que não suficientemente conclusivos, de uma solução inovadora de ligação à rede a partir de um conversor de frequência em modo de travagem regenerativa, circuitos de proteção, e um inversor fotovoltaico.
2022
Engenharias
Tese de Mestrado
Padrão, Alfredo André Rodrigues
"Esta dissertação tem como base a eficiência de um sensor de linha num carro eletrónico. O foco incidiu sobre o desenvolvido de código a aplicar e circuitos elétricos necessários para o seu devido funcionamento e, paralelamente, foi usada uma placa Printed Circuit Board (PCB) com um circuito elétrico com um LCD para a contagem dos tempos e um botão para a seleção do modo de funcionamento.
Através da análise dos tempos obtidos conseguiremos compreender melhor qual a utilidade deste tipo de sensor, a sua implementação em contexto real e vantagens que ele iria trazer no mundo automóvel, percebendo a diferença de tempo em percorrer um circuito com um sensor de linha e, posteriormente, manualmente através de um Joystick."
2020
Engenharias
Tese de Mestrado
Silva, Ana Catarina Vieira da
A baixa literacia em saúde da população portuguesa tem preocupado as entidades responsáveis pela regulamentação da saúde em Portugal. A divulgação de ciência apresenta-se como uma ferramenta útil que pode apoiar a resposta a esta problemática. Em espaços como os centros de ciência viva é possível observar a contribuição da divulgação de ciência para o aumento da literacia científica dos seus visitantes e, particularmente, no caso do Centro Ciência Viva de Vila do Conde, cujo tema é o sangue, observa-se a promoção da literacia em saúde. Este projeto surge como a conjugação da divulgação de ciência com a promoção da literacia em saúde através da criação de um novo módulo para o centro de ciência viva de vila do conde. Sendo a imunologia um tema da área da saúde que se tornou muito presente no dia-a-dia do público leigo devido à pandemia de covid-19, considerou-se pertinente a conceção de um novo módulo sobre este tema. Estando a exposição do centro otimizada para os conteúdos do 6.º ano de escolaridade, centrou-se o objetivo do projeto na faixa dos 10 aos 12 anos de idade. Através de métodos qualitativos e quantitativos de recolha de dados, descreveram-se as perspetivas de professores, imunologistas e alunos sobre conteúdos de imunologia pertinentes para inclusão no módulo, bem como algumas formas didáticas e dinâmicas de transmitir estes conteúdos aos alunos. Com estes resultados foi possível avançar, através de um processo de cocriação, para o design e desenvolvimento de quatro protótipos de possíveis módulos de divulgação de temas de imunologia.
2022
Ciências Naturais e Exactas
Tese de Mestrado
Leite, Maria João
A descoberta de planetas extrassolares abriu caminho para a criação de novas áreas de estudo na Astronomia e mudou também a perceção que a Humanidade tem do planeta que habita. A constatação de que outros planetas como o nosso poderão existir, muda a perspetiva que temos sobre o conceito de vida e promove, assim, uma tomada de consciência do lugar que cada um ocupa neste pequeno ponto azul a que chamamos Terra. O objetivo do presente trabalho constituiu a criação de uma publicação que, através do seu caráter infográfico, pretende comunicar as descobertas e o estudo dos exoplanetas, pela importância que este tema assume na sociedade. Este artefacto tem como intuito não só a transmissão de informações factuais sobre o assunto, mas também a sensibilização e tomada de consciênca por parte do leitor para a imensidão cósmica que ultrapassa o nosso pequeno planeta azul. Recorreu-se assim à utilização de uma linguagem acessível, apoiada no desenvolvimento de um conjunto de ferramentas narrativas e gráficas, que promove a passagem de uma mensagem clara e coesa, facilitando a assimilação de conhecimento. Pretende-se assim afirmar a importância que um objeto de caráter infográfico, através das várias estratégias de comunicação de informação que utiliza, pode ter na aproximação da comunidade científica à sociedade, promovendo um maior envolvimento desta nos vários feitos científicos e, por conseguinte, o desenvolvimento de uma posição mais ativa.
2017
Artes
Tese de Mestrado
Domingos, Afonso Gonçalves Barreto
No relatório que se apresenta, para obtenção do grau de mestre em Ciências da Educação, vamos dar conta do trabalho desenvolvido no estágio curricular que teve lugar no ano letivo de 2021-2022. A instituição escolhida foi o Exploratório - Centro de Ciência Viva de Coimbra. Assim, iremos descobrir mais acerca deste importante centro de ciência, bem como das atividades que desenvolve. Abordaremos a importância da acessibilidade universal nestes contextos, e nomeadamente para públicos com deficiência visual. Vamos, ainda, referir, com maior detalhe, a finalidade, as etapas e os desafios da concretização do meu projeto de estágio, o qual consistiu em contribuir para tornar a exposição permanente do Exploratório, denominada de ?Em forma com a Ciência?, mais acessível e inclusiva.
2022
Ciências da Educação
Tese de Mestrado
Costa, Ilídio André
A elevada produção científica em astronomia desafia-nos a encontrar novas formas de realizar a divulgação de conteúdos, mas, também, de processos junto de audiências não especializadas. Assim, para além de se poderem promover atitudes, conhecimento e envolvimento do público com a ciência, poderá favorecer-se a tomada de decisões alicerçadas em critérios científicos. É neste contexto que surge o projeto de ciência cidadã ?CoAstro: um Condomínio de Astronomi@?, que colocou em interação direta cinco astrónomos, nove professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico, quatro divulgadores e um mediador. No CoAstro e ao longo de um ano letivo, conteúdos e processos científicos foram apropriados e integrados pelos professores em iniciativas envolvendo as comunidades escolares, o Planetário do Porto ? Centro Ciência Viva (PP-CCV) e o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), alcançando diretamente 980 pessoas. Tal divulgação da astronomia emergiu a partir da etapa de implementação do CoAstro em que os professores foram envolvidos ativamente em práticas de investigação em astronomia, através de dois subprojetos: o ?Projeto estrelas? e o ?Projeto planetas?. No primeiro, os professores analisaram espetros de estrelas-padrão visando determinar a composição qualitativa e quantitativa de 57000 estrelas. Para além disso, determinaram a luminosidade de estrelas usando dados do Data Release 2 da Agência Espacial Europeia ? missão GAIA. No ?Projeto planetas? e partindo da produção um vídeo de um trânsito planetário através do programa ?Python?, os professores analisaram curvas de luz, para sinalizar a existência de potenciais exoplanetas. Enquadrado numa metodologia de investigação qualitativa, no presente estudo recolheram-se dados através de questionários, entrevistas, análise documental e observações. Os resultados demonstraram ganhos de conhecimento substantivo e processual dos professores; alteração positiva de atitudes e crenças epistemológicas em relação à astronomia; bem como, incremento da qualidade das suas práticas de divulgação científica. Do lado dos astrónomos e divulgadores verificou-se que consideraram que o CoAstro teve impactos na investigação e divulgação da astronomia e na forma de as estruturar. Por outro lado, reforçou a sua perceção quanto à importância e finalidades dessas práticas de divulgação, concorrendo para o desenvolvimento pessoal de novas competências comunicacionais. De uma forma global o CoAstro permitiu, pois, perceber como um projeto de ciência cidadã pode contribuir para uma abertura recíproca entre a escola e a comunidade e entre o público e a investigação.
2020
Ciências da Educação
Tese de Doutoramento
Pimentel, Filipa
A Ciência Cidadã é uma abordagem ao trabalho científico e parte do movimento da Ciência Aberta. Refere-se à participação dos indivíduos em atividades de investigação científica, em que aqueles contribuem ativamente para a ciência, mediante o seu esforço intelectual, os seus conhecimentos ou com as suas ferramentas e recursos. Este estudo tem como objetivo geral analisar a perceção do impacto na comunidade e nas bibliotecas da Rede Intermunicipal de Bibliotecas das Beiras e Serra da Estrela (RIBBSE) do Projeto de Parceria de Ciência Cidadã para a Valorização do Território ? aBEIRAr. Como objetivos específicos pretende-se identificar as redes intermunicipais de bibliotecas portuguesas; caraterizar o projeto aBEIRAr; compreender o papel do projeto de Ciência Cidadã nas bibliotecas da RIBBSE; avaliar a perceção do impacto do projeto aBEIRAr na comunidade - cidadãos e profissionais da informação. A metodologia adotada compreendeu a revisão de literatura para a concretização do enquadramento teórico e concetual. O estudo de caso concretizou-se com métodos mistos, mediante pesquisa descritiva, inquéritos por questionário e por entrevista. Dos resultados obtidos destaca-se: as bibliotecas da RIBBSE são as forças motrizes do projeto aBEIRAr, escolhem os temas, organizam e dinamizam as atividades nas respetivas comunidades locais, estabelecem parcerias diversas com a mediação da coordenação científica do projeto; o grau de satisfação dos participantes nas atividades de Ciência Cidadã e dos profissionais da informação da RIBBSE que as dinamizam é muito positivo, 76,9% e 73,3% respetivamente; a maioria dos participantes nas atividades situa-se na faixa etária entre os 51 e os 70 anos (65,6%), o que corresponde com a caraterização sociodemográfica do território das Beiras e Serra da Estrela; nas bibliotecas aumentou o número de participantes noutras atividades e a interação nos respetivos perfis nas redes sociais. Conclui-se que a Ciência Cidadã pode trazer às bibliotecas públicas e ao seu público-alvo mais conhecimento sobre a herança cultural e sobre o ambiente local, incrementando o conhecimento científico na comunidade e o desenvolvimento de atitudes positivas em relação à ciência. As bibliotecas públicas são centros locais de informação e de conhecimento que oferecem liderança na promoção da Ciência Cidadã nas respetivas comunidades.
2023
Ciência Cidadã
Tese de Mestrado
Ferreira, Máximo de Jesus Afonso
A participação pública em C&T tem sido cada vez mais reconhecida como desejável para fazer face aos desafios sociais e ambientais que a humanidade enfrenta (e.g. Irwin, 2006; Phillips, Carvalho & Doyle, 2012; Wynne, 2006), favorecendo uma mútua aprendizagem entre os públicos e a comunidade científica, consolidando a cidadania e promovendo a credibilização e a legitimação social da ciência e dos cientistas. Na maioria dos países do norte da Europa, procedimentos participativos já fazem parte das políticas nacionais de regulação de diversos campos da ciência. Em Portugal e Espanha, no entanto, os incentivos para essa participação são ainda bastante limitados (Felt, 2003; European Commission, 2010, 2011, 2012, 2014a, 2014b; Hagendijk & Irwin, 2006). Como atores-chave na produção de conhecimento científico, as instituições de ensino superior (IES) podem ter um papel importante na promoção desse envolvimento cidadão. No entanto, estudos sobre a forma como se envolvem os vários atores académicos na comunicação de ciência, o papel dos diferentes agentes sociais nesse envolvimento e as dinâmicas institucionais nestes processos são, porém, relativamente escassos (Ashwell, 2012; Chilvers, 2012; Holdsworth & Quinn, 2010), particularmente no caso de universidades. Utilizando uma variedade de instrumentos de pesquisa ? análise documental, entrevistas, questionário e grupos focais ? e focando-se no caso concreto das alterações climáticas, esta tese analisa perceções e práticas sobre a forma como os portugueses e os espanhóis têm vindo a ser chamados a participar em debates sobre ciência pelas suas IES, identifica fatores que têm inibido a sua participação e sugere medidas que podem ser adotadas pelas IES para gerar interesse nos cidadãos por essa participação. Este estudo é complementado com uma análise crítica das potencialidades de mudança a partir de uma comparação com práticas desenvolvidas no Reino Unido e na Dinamarca. A investigação realizada sugere que a atuação dos cientistas e dos profissionais de comunicação a nível da comunicação de ciência é bastante influenciada pela cultura organizacional das instituições científicas, pelos recursos que lhe são disponibilizados, pelas relações que estabelecem entre si e pela forma como percecionam as potencialidades do envolvimento cívico. Quanto aos cidadãos, ainda que tenham uma perceção bastante clara dos benefícios da sua participação, uma parte significativa dos inquiridos denotou algum descrédito em relação à capacidade decisória do cidadão, sendo esta questão uma das principais barreiras à sua agência. Portanto, um maior compromisso por parte dos cientistas, dos profissionais de comunicação e dos cidadãos numa interação mais dialógica pode estar dependente, por um lado, de uma mudança nas estruturas e nas políticas das IES que favoreça a criação de mecanismos de apoio, práticas de formação e a oferta de incentivos destinados aos cientistas e aos comunicadores, e, por outro lado, da implementação de instrumentos que facilitem o acesso dos cidadãos à informação e que incentivem e estimulem oportunidades de interação e mútua aprendizagem entre os vários atores sociais.
2020
Museologia
Tese de Mestrado
Oliveira, Liliana Tavares de
A participação pública em C&T tem sido cada vez mais reconhecida como desejável para fazer face aos desafios sociais e ambientais que a humanidade enfrenta (e.g. Irwin, 2006; Phillips, Carvalho & Doyle, 2012; Wynne, 2006), favorecendo uma mútua aprendizagem entre os públicos e a comunidade científica, consolidando a cidadania e promovendo a credibilização e a legitimação social da ciência e dos cientistas. Na maioria dos países do norte da Europa, procedimentos participativos já fazem parte das políticas nacionais de regulação de diversos campos da ciência. Em Portugal e Espanha, no entanto, os incentivos para essa participação são ainda bastante limitados (Felt, 2003; European Commission, 2010, 2011, 2012, 2014a, 2014b; Hagendijk & Irwin, 2006). Como atores-chave na produção de conhecimento científico, as instituições de ensino superior (IES) podem ter um papel importante na promoção desse envolvimento cidadão. No entanto, estudos sobre a forma como se envolvem os vários atores académicos na comunicação de ciência, o papel dos diferentes agentes sociais nesse envolvimento e as dinâmicas institucionais nestes processos são, porém, relativamente escassos (Ashwell, 2012; Chilvers, 2012; Holdsworth & Quinn, 2010), particularmente no caso de universidades. Utilizando uma variedade de instrumentos de pesquisa ? análise documental, entrevistas, questionário e grupos focais ? e focando-se no caso concreto das alterações climáticas, esta tese analisa perceções e práticas sobre a forma como os portugueses e os espanhóis têm vindo a ser chamados a participar em debates sobre ciência pelas suas IES, identifica fatores que têm inibido a sua participação e sugere medidas que podem ser adotadas pelas IES para gerar interesse nos cidadãos por essa participação. Este estudo é complementado com uma análise crítica das potencialidades de mudança a partir de uma comparação com práticas desenvolvidas no Reino Unido e na Dinamarca. A investigação realizada sugere que a atuação dos cientistas e dos profissionais de comunicação a nível da comunicação de ciência é bastante influenciada pela cultura organizacional das instituições científicas, pelos recursos que lhe são disponibilizados, pelas relações que estabelecem entre si e pela forma como percecionam as potencialidades do envolvimento cívico. Quanto aos cidadãos, ainda que tenham uma perceção bastante clara dos benefícios da sua participação, uma parte significativa dos inquiridos denotou algum descrédito em relação à capacidade decisória do cidadão, sendo esta questão uma das principais barreiras à sua agência. Portanto, um maior compromisso por parte dos cientistas, dos profissionais de comunicação e dos
cidadãos numa interação mais dialógica pode estar dependente, por um lado, de uma mudança nas estruturas e nas políticas das IES que favoreça a criação de mecanismos de apoio, práticas de formação e a oferta de incentivos destinados aos cientistas e aos comunicadores, e, por outro lado, da implementação de instrumentos que facilitem o acesso dos cidadãos à informação e que incentivem e estimulem oportunidades de interação e mútua aprendizagem entre os vários atores sociais.
2015
Ciências Sociais e do Comportamento
Tese de Doutoramento
Reis, Ricardo Cardoso
Esta dissertação teve como objetivos caracterizar os inscritos, avaliar a satisfação dos participantes e validar o questionário pós-atividade do "Mais Perto das Estrelas". Esta atividade do Planetário do Porto - Centro Ciência Viva é composta por uma breve apresentação do céu dentro da cúpula do planetário, seguida de observação com telescópios. Desde o outono de 2018, a atividade passou a ser por inscrição, o que permitiu o envio de questionários de satisfação pós-atividade aos participantes. Com os dados dos inscritos e dos questionários pós-atividade aos participantes, fez-se análise de estatística descritiva, análise fatorial e calculou-se o ? de Cronbach. A análise às inscrições revelou que o tempo de preenchimento das vagas é curto, com a maioria dos indivíduos a ser do sexo feminino e com a generalidade a ter idades até aos 49 anos. Os dados revelaram que, globalmente, a satisfação dos participantes foi muito boa, embora a satisfação com a componente dentro da cúpula do planetário tenha sido superior à da observação com telescópios. A grande maioria dos participantes avaliou o interesse pela atividade, a clareza desta e a aquisição de novos conhecimentos nas categorias mais altas. As seis questões (relativas à apresentação na cúpula, à observação com telescópios, à apreciação global, ao interesse, à clareza e à aquisição de novos conhecimentos) apresentam estrutura unifatorial e boa fiabilidade. Recorrendo à metodologia de Investigação-Ação, fez-se uma análise crítica e validação por peritos do questionário. O questionário usado foi sujeito a três rondas de avaliação, que levou à criação de um novo questionário validado. Futuramente este questionário validado será disponibilizado em acesso aberto, de forma a que outras instituições com atividades similares possam beneficiar deste instrumento de avaliação. Quando as restrições provocadas pela pandemia da Covid-19 o permitirem, o questionário validado também será aplicado aos participantes do "Mais Perto das Estrelas".
2021
Ciências Naturais e Exactas
Tese de Mestrado