A Noite do Fósforo - que aconteceu no dia 30 de Abril de 2019 - foi um evento da Ciência Viva e da Sociedade Portuguesa de Química no âmbito do Ano Internacional da Tabela Periódica.
Depois de ter sido suspenso em 2001, o Concurso Nacional de Projectos volta a aceitar propostas que visem promover o ensino experimental das ciências, envolvendo as comunidades científicas e educativas. A iniciativa é da Ciência Viva, sendo os projectos financiados pelas verbas inscritas no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Nas candidaturas ao concurso serão privilegiadas as instituições de ensino, nomeadamente as escolas do ensino básico e secundário, instituições de investigação científica, instituições do ensino superior universitário e politécnico do continente e das Regiões Autónomas e ainda as autarquias, museus e centros de ciência.
As candidaturas serão analisadas por uma comissão de avaliação, que poderá propor a reestruturação ou articulação das propostas, sempre que a sua complexidade ou dimensão o justificar. O programa é ainda acompanhado por especialistas de vários países europeus.
Os projectos aprovados serão financiados a partir do próximo ano com verbas do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, designadamente através do Programa Operacional Ciência e Inovação, co-financiado pelo FEDER .
As candidaturas devem ser apresentadas electronicamente até às 24 horas do dia 16 de Dezembro de 2005 e só em casos excepcionais poderão ser aceites por via postal, devendo a data de entrega ser comprovada através do carimbo do correio.
Recorde-se que nas edições anteriores do concurso participaram cerca de 600 mil alunos e mais de 3 mil projectos foram aprovados e financiados.
Debater o papel da ciência na sociedade actual é o objectivo do Fórum Ciência na Sociedade 2005, organizado pela Comissão Europeia em Bruxelas até sexta-feira. Mas, no primeiro dia, sobraram perguntas e faltaram respostas sobre a relação entre a ciência e a sociedade.
Faltam cinco anos para a data que a União Europeia (UE) estipulou como meta para se afirmar como a economia mais dinâmica do mundo baseada no conhecimento. Capaz de um desenvolvimento sustentável com mais e melhores empregos, maior coesão social e respeito pelo ambiente. Esta foi a meta proposta em 2000 pelos lideres europeus em Lisboa. A Europa encontra-se agora a meio do caminho e está a deitar contas à vida.
O fórum conta com uma exposição de alguns projectos de popularização da ciência em curso nos países europeus. Portugal está representado por projectos da Agência Ciência Viva, e mereceu um rasgado elogio de Vladimir de Semir, comissário para a cultura científica de Barcelona, que lhe chamou uma "grande e poderosa ideia para divulgar a cultura científica." Contente, Rosália Vargas, a presidente da agência, anunciou que Portugal vai receber, em 2007, o encontro anual da Rede Europeia de Centros e Museu de Ciência (Excite).
Mas a popularização da ciência tem riscos: apelar às emoções e imaginação para tornar a ciência um espectáculo pode revelar-se perigoso, disse Helga Nowotny, presidente do Conselho Consultivo Europeu de Investigação. Propôs que se mostre os bastidores da investigação à sociedade para alcançar o desejado compromisso. "Temos de explicar o que é, como se faz, como se definem as prioridades da investigação, como funcionam as instituições científicas, como se contam feijões."
O debate em Bruxelas é também o primeiro desde o lançamento do Plano de Acção Ciência e Sociedade, em 2001. Porém, quem ontem esperava conclusões sobre os efeitos desse plano nas actividades e políticas desenvolvidas nos vários países saiu desiludido. A equipa que esta a fazer a recolher e tratar os dados para esta avaliação trazia apenas algumas "tendências".
Os participantes não só criticaram a ausência de dados sobre os efeitos do plano nas políticas nacionais, como denunciaram a dificuldade em obter financiamento da UE para projectos enquadrados nas 38 acções do plano.
Sem os prometidos resultados preliminares do Eurobarómetro sobre as atitudes dos cidadãos face à ciência, cuja divulgação foi adiada, o primeiro dia do Fórum Ciência na Sociedade terminou sem responder à pergunta que todos fazem: estão os europeus mais perto da ciência?
Os deputados da Comissão Parlamentar de Ciência, Educação e Cultura ouviram ontem os problemas da Agência Ciência Viva, através da sua directora, Rosália Vargas, que foi ao Parlamento apresentar a Semana da Ciência e da Tecnologia, com actividades em todo o país até domingo. Augusto Santos Silva (PS) aproveitou para fazer várias perguntas e, quando Rosália Vargas lhe respondeu, começou por lamentar ter-se "politizado" tanto a Ciência Viva.
Entre as perguntas, Santos Silva quis saber: "O concurso para projectos de educação científica nas escolas para este ano não existe, porque a Ciência Viva não o propôs e, se propôs, qual foi a resposta?" Referia-se aos milhares de projectos nas escolas, uma da actividades coordenadas pela Ciência Viva, mas cujo concurso para financiamento, através do Programa Operacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (POCTI), não abre desde 2001. Sobre estes projectos que põem os alunos de todos os níveis de ensino a fazer experiências, Rosália Vargas respondeu-lhe: "Apresentámos a candidatura para fazer o sexto concurso nas escolas. Não tivemos resposta, aguardamos até hoje."
Dirigindo-se aos cerca de 12 deputados que ali estavam, Rosália Vargas solicitou então: "Se pudessem ajudar a Ciência Viva a continuar esse trabalho..."
Santos Silva quis também saber de onde vinha o dinheiro para esta semana de divulgação da ciência. Rosália Vargas respondeu-lhe que vêm da fonte de todas as verbas para as actividades da Ciência Viva: do Orçamento do Estado - para pagar os salários aos funcionários do Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, um museu com uma média de 800 visitantes por dia - e do POCTI, para as várias iniciativas, como os concursos nas escolas, a rede de centros para divulgação da ciência espalhadas pelo país e as grandes campanhas de divulgação nas férias, como a Astronomia no Verão.
"Sabemos que de 2002 para 2003, a Ciência Viva teve um corte brutal do orçamento do Ministério da Ciência. Analisando o orçamento de 2005, a referência ao Ciência Viva desapareceu, embora não desaparecesse a referência a programas de divulgação científica", disse Santos Silva. "Quais são as perspectivas orçamentais para 2005?" Também a isto Rosália Vargas deu resposta: "É a primeira vez que não tenho indicação orçamental para a Ciência Viva."
Fazendo quase todas despesas da conversa, o deputado socialista trouxe à baila argumentos usados pelos governos sociais-democratas, segundo os quais a Ciência Viva tinha uma posição de "monopólio" e de "promiscuidade" na gestão dos fundos do POCTI para a divulgação científica, uma vez que era beneficiária final dessas verbas e entregava-as também a outras entidades.
A Ciência Viva começou como programa governamental, criado no tempo em que Mariano Gago era ministro da Ciência, nos governos socialistas, mas em 1998 tornou-se numa associação. "Tenho pena que se tenha politizado tanto a Ciência Viva", declarou Rosália Vargas, referindo-se à luta política que tem existido pelo controlo dos programas de promoção da cultura científica. "Mas esta é uma estrutura independente. Tornou-se não governamental."
Em relação ao monopólio, Rosália Vargas, que estava acompanhada por João Sentieiro, porta-voz do Conselho dos Laboratórios Associados, entre os quais há associados da Ciência Viva, explicou que há um contrato com o gabinete do POCTI para a Ciência Viva funcionar como entidade intermédia na gestão dos fundos e como beneficiária final, para as acções organizadas directamente pala agência. "Mas a Ciência Viva não é a gestora dos fundos, nunca foi. A gestão do POCTI está com o respectivo gestor."
Mas depois de o Governo considerar que a Ciência Viva detinha o monopólio, houve mudanças: a Fundação para a Ciência e a Tecnologia passou a ser outra entidade intermédia na gestão das acções de divulgação científica.
Massano Cardoso (PSD) optou por deixar um comentário sobre os governantes que não apoiem a divulgação da ciência: "Não são governantes mas mentecaptos."
«A ciência não devia depender tanto dos governos», uma vez que a criação de investigadores exige «estabilidade» e é uma tarefa sem resultados imediatos. Esta é a ideia sustentada por Manuel Paiva, professor da Universidade de Bruxelas e um dos membros da comissão coordenadora do IV Fórum Internacional de Investigadores Portugueses, que decorre até amanhã, em Coimbra.
Só é possível criar uma cultura científica - que, em Portugal, continua sem «fazer parte da cultura das pessoas» - e, já agora, cientistas se a questão for encarada numa prespectiva de «longo prazo», adverte o professor. E não temos essa cultura por muitas razões, mas também porque «é ainda muito grande o peso da superstição», e não apenas em aluns sectores da população: veja-se «o caso da gravata da sorte, no Euro 2004, de Durão Barroso».
«Lá fora, a ciência e a investigação não dependem tanto do poder político», subscreve, da mesma forma, Carlos Fiolhais, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Coimbra, referindo vários países europeus onde é pacífico que «a cultura científica se inculca desde pequenino».
A questão de fundo reside no modo como se encara a ciência e a cultura, sintetizam os dois cientistas, que participam no IV Fórum Internacional de Investigadores Portugueses, - e integram, Irene Fonseca e Ana Bela Cruzeiro, a comissão organizadora.
«Portugal deve ser o único país onde se fala de guerra das ciências», acrescenta, por outro lado, Manuel Paiva, na sua intervenção, sobre as causas da falta de vocações científicas (que aliás, afecta toda a Europa). Falta-nos também, por exemplo, «fazer descer os professores universitários das torres de marfim», fomentar «o culto do esforço intelectual e da reflexão» e aumentar substancialmente o investimento nesta área, alerta, para concluir com «uma homenagem ao Ciência Viva», programa cujos «ataques revelam uma espécie de masoquismo - os portugueses não perdoam o sucesso».
Carla Gomes, outra das investigadoras de sucesso que escolheu o estrangeiro para trabalhar há 15 anos, aponta a «falta de meios e de recursos financeiros» cini razões da partida.
No dia da sexta edição de mostra científica anual das escolas, responsáveis afirmam ter voto de confiança do Governo para continuar trabalho
Quando forem dez da manhã, as portas do Pavilhão Atlântico, no Parque das Nações, em Lisboa, abrem-se para o mundo da ciência. Como se analisa ADN? Que mistérios da natureza podem a química e física ajudar a revelar? Centenas de escolas de todo o país, e alunos de todas as idades, bem como instituições científicas nacionais e investigadores de renome, juntam-se para ensinar e brincar com a ciência. Contactada pelo PÚBLICO, a direcção do Ciência Viva - Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica garante que tem o aval do actual ministro da tutela para prosseguir o trabalho realizado nos últimos seis anos.
Ana Mafalda Lapa, professora de Biologia da Escola Secundária de Cascais participa, com os seus alunos, nos projectos e nos fóruns Ciência Viva desde o início, em 1997. "Este ano pedi aos alunos para escreverem sobre as implicações da descodificação do genoma humano em 2020. Ao mesmo tempo que trabalharam a biologia, trabalharam a língua" portuguesa, explica a professora, que já colocou os alunos a analisar ADN na saliva e a transformar plantas em espécies transgénicas nas bancadas dos laboratórios da escola: "O Ciência Viva veio revolucionar completamente o ensino da ciência experimental nas escolas", afirma.
Este é já o sexto ano consecutivo que o Fórum Ciência Viva abre as portas à sociedade para mostrar um ano de trabalho de ensino experimental da ciência, nas mais variadas áreas, feito nas escolas de todo o país. No início do ano lectivo, os professores propõem projectos a realizar ao longo dos vários períodos de aulas, que têm por objectivo pôr a trabalhar em conjunto investigadores de várias instituições, que fazem da ciência a sua profissão, com alunos de escolas, dos vários níveis de ensino, e os respectivos professores. Os projectos são analisados pela agência Ciência Viva e, se considerados positivos, recebem incentivos, que podem passar pela atribuição de material, que reverte no fim para os estabelecimentos de ensino, ou apoio na elaboração de "sites" e páginas na Internet, através da Unidade de Apoio à Telemática Educativa.
O embrião deste programa de apoio ao ensino experimental das ciências surgiu em 1996, com a então criada Unidade Ciência Viva, por despacho do Ministério da Ciência e da Tecnologia (MCT) dirigido por José Mariano Gago. O objectivo era "apoiar as acções dirigidas para a promoção da educação científica e tecnológica na sociedade portuguesa, com especial ênfase nas camadas mais jovens e na população escolar dos ensinos básico e secundário", pode ler-se no sítio na Internet do projecto em http://www.cienciaviva.pt .
Rosália Vargas, directora do Ciência Viva - Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, explica que o estatuto deste organismo se baseia numa associação sem fins lucrativos com um grupo de 13 sócios, ou seja, 13 instituições ligadas à ciência, entre as quais se incluíam o Observatório das Ciências e Tecnologias e o Instituto para a Cooperação Científica e Tecnológica Internacional, os organismos agora extintos pelo Governo.
A extinção destes organismos criados pelo MCT pode também colocar em causa a existência ou estrutura actual do Ciência Viva? Rosália Vargas garante que a continuidade do Ciência Viva não está em causa: "Já tive uma audiência com o senhor ministro e a atitude dele para com o Ciência Viva é muito positiva", explica. Para além disso, continua, os estatutos da agência não permitem que o seu fim resulte de uma simples decisão administrativa: "O Ciência Viva não está em causa, e para além disso só pode ser extinto pelos seus sócios".
Para além da ciência nas escolas, o Ciência Viva tem vindo ainda a promover acordos entre escolas e instituições científicas, que oferecem estágios de Verão aos alunos, e iniciativas de divulgação científica viradas para a sociedade em geral, como é o caso da iniciativa Geologia no Verão. E há ainda a rede de Centros Ciência Viva, que conta já com o Planetário do Porto, o Visionarium da Feira, o Exploratorium de Coimbra, o Pavilhão do Conhecimento em Lisboa, e o Centro Ciência Viva de Faro. Recentemente juntou-se à rede o Planetário Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e estão previstos mais três centros para a Amadora, Estremoz e Tavira.