Eclipse total da Lua

16 de Maio de 2003 (noite de Quinta para Sexta-Feira)

O que é?

Trata-se da ocultação (temporária) da Lua na sombra da Terra. Se o observador deixa de ver apenas uma parte da Lua diz que viu um eclipse parcial. Se a Lua se escondeu completamente, diz-se que ocorreu um eclipse total.

 

Por que acontece?

Só há eclipses da Lua porque a sombra da Terra se projecta no espaço até uma distância superior àquela a que o nosso satélite natural gira à nossa volta. Por outro lado, é preciso que a Lua passe exactamente nesse cone de sombra, o que só pode acontecer na fase de Lua Cheia. No entanto, não há eclipses em todas essas fases, apesar de todos os meses ocorrer, em geral, uma Lua Cheia. Isso deve-se ao facto de a órbita lunar ser inclinada em relação ao plano da órbita da Terra, pelo que a Lua passa – quase sempre – fora da sombra, ou seja, “acima” ou “abaixo” dela.

 

Quando acontece?

Apenas em duas (ou, excepcionalmente, três) ocasiões do ano a Lua passa (na fase de Lua Cheia) num dos pontos de intersecção das órbitas dos dois astros intervenientes (Terra e Lua). Na verdade, os eclipses ocorrem com intervalos ligeiramente inferiores a seis meses, razão por que podem verificar-se no princípio de Janeiro, depois em fins de Maio ou início de Junho e, finalmente, em Dezembro. No entanto, o mais frequente é que ocorram apenas duas “estações de eclipses” ou seja, duas ocasiões em que tais fenómenos podem acontecer.

Sempre que se verifica um eclipse lunar, em fase de Lua Cheia, ocorreu um eclipse do Sol quinze dias antes (na fase de Lua Nova anterior) ou ... vai ocorrer quinze dias depois, na Lua Nova seguinte.

Em 2003 verificar-se-ão dois eclipses do Sol (a 31 de Maio e em 23-24 de Novembro) que não serão visíveis em Portugal e dois da Lua, na madrugada de16 de Maio e a partir das 23 horas de 8 de Novembro até à madrugada do dia 9, ambos observáveis a partir do nosso país.

 

O que se vê?

Em rigor, o eclipse começa com a Lua a esconder-se na penumbra, uma espécie de sombra muito ténue, o que não é facilmente perceptível. Depois, com a entrada na sombra, começa a notar-se o desaparecimento do bordo esquerdo da Lua. Um pouco mais de uma hora depois, a Lua fica completamente eclipsada podendo, no entanto, perceber-se a sua posição no céu.

De facto, alguma luz solar refractada na atmosfera terrestre vai incidir na superfície lunar, dando-lhe uma coloração que revela alguns pormenores do estado da atmosfera do nosso planeta. A coloração mais ou menos acobreada ou acinzentada dá aos especialistas em meteorologia algumas indicações de, por exemplo, partículas em suspensão na atmosfera. Pode até notar-se alguma assimetria na distribuição dessas colorações do disco lunar.

Interessante também será verificar a posição da Lua – relativamente a algumas estrelas – no início do eclipse, e reparar que, de facto, a Lua altera consideravelmente a sua posição durante as cerca de três horas que dura o acontecimento.

 

Sugestões para a observação

É verdade que em alguns pontos de Portugal existirão observatórios onde o fenómeno vai ser observado com alguns equipamentos que registarão imagens do acontecimento. No entanto, o eclipse pode ser observado à vista desarmada e – como ocorrerá a horas não muito convidativas para sair de casa – mesmo a partir de uma janela de onde se veja a Lua.

Assim, sugere-se que – na noite anterior (de Quarta para Quinta-feira) - se regule o despertador para as 02.30 e se espreite a posição da Lua, para garantir que, do local onde se vive, ela não está tapada por um prédio ou qualquer outro obstáculo. A posição que a Lua ocupar a essa hora dessa noite será a que ocupará na noite seguinte cerca de uma hora mais tarde, ou seja, às 03.30.

Feito isso, na noite seguinte regule-se o despertador para as 03.30, hora a que o eclipse já começou e fique-se a observar a Lua o tempo que se achar não ser prejudicial para as actividades normais do dia seguinte, as aulas ou outro trabalho.

Naturalmente, haverá quem decida contemplar o fenómeno do princípio ao fim, para o que precisará de fazer (quase) uma “directa”.

A ocasião poderá servir ainda para – mesmo em ambientes de forte poluição luminosa – ver a Lua ladeada por quatro estrelas que parecem constituir um trapézio (as mais brilhantes da constelação da Balança) avistando-se à esquerda o Escorpião em que se destaca uma estrela de cor avermelhada, Antares. Mais para a esquerda é evidente um outro ponto brilhante e com coloração idêntica – o planeta Marte.

Durante o eclipse, e a partir de um local escuro, será possível observar o esplendor da Via Láctea elevando-se do horizonte, a Sul, passando quase pelo zénite, prosseguindo depois para o horizonte, a Norte. Com o decorrer da madrugada a Lua (e todos os outros astros) vai tombando para Oeste. Entretanto, por volta das seis da manhã, surge a Este o brilhante planeta Vénus, agora a despedir-se de um período de alguns meses de visibilidade como ”estrela da manhã”.

Cronograma

Entrada da Lua na penumbra: 02.07

Entrada na sombra: 03.03

Começo da totalidade: 04.14

Fim da totalidade: 05.06

Saída da sombra: 06.17