Um Eclipse Solar na Lua

No dia 24 de Abril, vai acontecer um espectacular eclipse solar. Há apenas um pequeno problema: é preciso estar-se na lua para o poder observar...

A NASA está a planear voltar a levar pessoas à Lua. Data provável: 2015. É pena que não possam estar lá neste Domingo porque, no dia 24 de Abril, vai haver um eclipse solar só visível na Lua.

Na Terra, os eclipses solares ocorrem quando a Lua tapa o Sol. Na Lua, os papéis trocam-se: é a Terra que tapa o Sol. Um eclipse deste tipo é uma “visão maravilhosa”, de acordo com o astronauta da Apollo 12 Alan Bean, que assistiu a um em 1969. Ele estava a voar da Lua de volta a casa com os restantes membros da tripulação, Pete Conrad e Dick Gordon, quando a nave atravessou a sombra da Terra. “O nosso planeta [eclipsou] a nossa própria estrela”.

 

Ninguém vai ver o eclipse de 24 de Abril, mas podemos imaginar como vai ser:

Estamos na Lua em pleno dia, quase meio-dia. O Sol avança morosamente no céu. Quão devagar? Um dia lunar tem cerca de 29.5 dias terrestres. Em termos da nossa percepção, o Sol, na Lua, desloca-se no céu 29,5 vezes mais devagar que na Terra. Neste ritmo descontraído, o Sol vai-se aproximando de um disco três vezes maior preto mas brilhante.

O disco é a Terra com o seu lado nocturno voltado para a Lua. O luar permite ver nuvens a flutuar sobre os oceanos e continentes escuros. Também é possível ver um ligeiro anel brilhante à volta do planeta – é a atmosfera terrestre atravessada pela luz solar. Um telescópio permitir-te-ia ver, também, as luzes da cidade. Lindo.

E então, o eclipse começa.

Olhando através de filtros escuros, observa-se o Sol a ir para trás da Terra. A atmosfera terrestre, iluminada por trás, fica vermelha, depois mais vermelha, um anel de fogo da cor do pôr-do-sol, interrompida aqui e ali pelos topos das montanhas mais altas.

Noventa minutos depois – é preciso paciência! – só uma pequena porção do Sol espreita no limite do planeta. Com esta disposição, o par lembra um anel de diamante gigante.

O Sol nunca chega a desaparecer completamente, uma vez que este eclipse é parcial. Num eclipse total, a Terra oculta totalmente o Sol, o que tem o efeito estranho de a Lua ficar vermelho-sangue.

 

Os eclipses parciais, embora não tão dramáticos e incríveis como os eclipses totais, continuam a ser interessantes.

É possível que, no futuro, turistas espaciais voem até à Lua só para os observarem. Será um grupo restrito de pessoas a poderem observar a Terra a ocultar o Sol.

Os membros deste clube em 2005 ainda são só dois: Alan Bean e Dick Gordon, os tripulantes do Apollo 12 ainda vivos.

Sem possibilidades de sairmos da Terra, podemos observar o eclipse deste Domingo, embora indirectamente. Durante o eclipse, a sombra da Terra cobrirá a Lua e nós podemos ver isso acontecer. A sombra do nosso planeta tem duas partes: uma central escura chamada umbra e uma franja exterior pálida chamada penumbra. Esta característica também se aplica às nossas próprias sombras num dia solarengo. A Lua no dia 24 de Abril atravessará a penumbra terrestre, produzindo aquilo que os astrónomos chamam de “eclipse solar penumbral”.

Os eclipses lunares penumbrais não são fáceis de observar devido à palidez da penumbra. Contudo, se se for entusiástico, vale a pena observar. Dever-se-á observar uma sombra subtil na parte norte da Lua às 9h55 da manhã de Domingo, 24. O melhor local para observar é o Hawai, onde o eclipse acontece apenas 5 minutos depois da meia-noite. A Lua estará bem alta no céu, com uma localização ideal.

Mas mesmo no Hawai a experiência será subtil. Não muito impressionado? Bem, no dia 24, estamos no planeta errado...

In: Science @ NASA

Tradução: Ciência Viva