As primeiras análises de solo Marciano feitas pelo SPIRIT revelam surpresas.

“Opportunity”, outro robô em Marte na madrugada de Domingo 25 de Janeiro.

Ainda não há notícias do BEAGLE 2.

A primeira utilização dos instrumentos de análise do braço mecânico do Spirit mostra algumas surpresas sobre o solo examinado e causam expectativa sobre o que será encontrado na primeira rocha analisada que os cientistas baptizaram de Adirondack, nome de uma cadeia montanhosa perto de Nova Iorque. Em linguagem nativa dos índios o nome é interpretado como significando: “Aqueles que vivem nas grandes montanhas”.

Esta rocha foi escolhida em detrimento de outras que se encontravam mais perto do caminho do Spirit, por apresentar melhores condições para ser analisada: uma boa superfície isenta de poeiras.

O Spirit inspecciona a rocha Adirondack

Antes da análise da Adirondack, foram feitas no dia 15 de Janeiro análises sobre uma porção de solo que estava diante dom Spirit após este ter rolado para fora da plataforma de aterragem.

A primeira observação intrigante foi a detecção de um mineral chamado olivina que não resiste nada bem aos efeitos da erosão. Como será possível se a erosão molda permanentemente Marte?

Algumas explicações possíveis, avançadas são a de que o solo é formado por partículas finas de material vulcânico aglomerado, muito resistente á erosão ou que, sendo a camada superficial do solo muito fina, se está a detectar este mineral no subsolo.

O primeiro solo marciano analisado pelo Spirit junto ao local de aterragem coloca questões intrigantes.

Os cientistas estão igualmente surpreendidos pelo facto de que um dos instrumentos usados, que necessita de ser pressionado contra o solo para efectuar a análise, não tenha deixado qualquer marca. Seria de esperar que o solo ficasse esmagado sob o instrumento. Ora, a análise microscópica mostra que o solo está praticamente inalterado, não registando qualquer marca do instrumento. Talvez outra análise, obtida com outro instrumento, aponte já uma resposta: os principais elementos constituintes do solo marciano são o silício e o ferro, mas foram também encontrados níveis significativos de cloro e enxofre, o que é característico de solos marcianos, analisados em missões anteriores, mas muito diferente dos solos na Terra. A presença destes elementos pode ser devida á presença de sais, cloretos e sulfatos, que ligariam as partículas do solo, consolidando-o. Estes sais poderiam ser deixados pela evaporação de água ou formados em erupções vulcânicas. Por outro lado, dadas as frequentes tempestades em Marte o solo analisado poderiam ter origem num local bem diferente daquele em que o Spirit fez a análise.

Neste sentido, a análise da rocha Adirondak, que é menos provável que provenha de outro local, poderá dar mais indicações sobre o tipo de formações locais. Esta análise já decorreu nos dias 20 e 21 de Janeiro e de momento verificam-se algumas dificuldades em obter os dados através de transmissão do robô.

De facto, o único sinal recebido de Marte apenas confirma que o robô ouve as comunicações feitas do centro de controlo na Terra, mas não foi possível receber a esperada transmissão dos dados científicos e técnicos que deveria chegar antes do final do dia Marciano de ontem. As causas não foram ainda determinadas, mas, efeitos semelhantes foram registados também durante a operação da anterior missão da Mars Pathfinder. Os cientistas esperam obter comunicações completas do Spirit, quando este se reactivar como nascer do dia em Marte. Será feita uma comunicação esta tarde. Para estar atento a esta e todos os avanços na exploração de Marte pelas sondas da NASA veja: http://marsrovers.jpl.nasa.gov/gallery/press/spirit/

Entretanto, a equipa do Beagle2 europeu, refez o plano para tentar comunicar com a sonda. Actualmente, e até ao final do dia 22 de Janeiro decorre o período de 10 dias de silêncio rádio que se destina a forçar o Beagle 2 a activar um modo de comunicação que garantiria que o seu transmissor estaria permanentemente a emitir um sinal durante o período de dia em Marte, aumentando assim as possibilidades da Mars Express estabelecer contacto. Se isto não der resultado, estender-se-á este período, estando agora previstas para as noites de 24 e 25 de Janeiro duas tentativas de comunicar com a sonda. Estas serão feitas aquando de duas passagens da Mars Express, que cobrirão na maior extensão possível o local de aterragem da Beagle 2. Serão analisados os dados, o que poderá levar várias horas e está prevista para o dia 26 de Janeiro uma comunicação que dará conta de o resultado de todas as tentativas feitas para encontrar a Beagle2 e qual a estratégia para futuras comunicações.

E no Domingo, 25 de Janeiro de 2004, estejam atentos, de madrugada (hora portuguesa), se tudo correr bem, aterrará em Marte na planície “Meridiani Planum” outra sonda da NASA a Opportunity, idêntica à Spirit.

A distribuição da hematite em Meridiani Planum obtida em 1998 pela sonda orbital Mars Global Surveyor da NASA

Esta planície interessa particularmente os cientistas porque contém uma antiga camada do mineral hematite, um óxido de ferro, que na Terra se forma quase sempre num ambiente com presença de água. O local em Marte está agora aparentemente seco, mas o seu estudo detalhado da forma dos depósitos de hematite e da presença conjunta de outros minerais poderá permitir tirar conclusões importantes quanto à presença de água líquida na superfície do planeta. Vamos esperar para ver. Já não falta muito.

 

Adaptação por Manuel Matos Lopes de:

NASA , NEWS RELEASE: 2004-024; 2004-025; 2004-027

http://www.beagle2.com/index.htm Beagle2 news, 20Jan2003

http://science.nasa.gov/headlines/y2004/22jan_meridianiplanum.htm?list932661