Ciencia e o Espaço - Fronteira convergente / zona de subducção / subducção
Fronteiras entre placas tectónicas

A litosfera (camada rígida constituída pela crosta terrestre e pelo topo do manto) não é contínua.

Pelo contrário, é constituída por um conjunto de placas de tamanhos diversos (desde as grandes placas, como a Euroasiática, até placas mais pequenas, como a da Birmânia ou a Juan de Furca – fig.1).

Fig. 1: Mapa das principais placas litosféricas

(in  http://domingos.home.sapo.pt/tect_placas_8.html )

As placas não estão estáticas. Deslocam-se por acção de correntes de convecção existentes, segundo se pensa, na astenosfera, uma camada plástica do manto sob a qual assenta a litosfera.

Essas correntes fazem um “efeito de correia” que arrasta as placas litosféricas (fig. 2).

Fig. 2: Esquema ilustrativo do mecanismo de transporte das placas. O calor acumulado no interior da Terra e que não é completamente dissipado pelo vulcanismo é suficiente para aquecer as camadas do manto e gerar correntes de convecção térmica ascendentes, que transportam as placas por arrastamento ("efeito de correia").

(in  http://domingos.home.sapo.pt/tect_placas_5.html )

As fronteiras de placas são zonas muito activas em termos de sismos e vulcões. Consoante o movimento das placas, as fronteiras entre elas podem ser:

- convergentes

- divergentes

- transformantes

Fig. 3: Fronteiras de placas: transformante, divergente e convergente (esquerda para a direita)

(in  http://domingos.home.sapo.pt/tect_placas_6.html )

As  fronteiras convergentes correspondem a uma zona de colisão lenta entre duas placas e possuem características diferentes consoante o tipo de litosfera.

Assim, podemos ter colisão entre crosta continental e crosta oceânica, entre duas placas com crosta oceânica e entre duas placas com crosta continental. As fronteiras convergentes resultam em zonas de:

1) - subducção (fig. 4), quando o encontro se dá entre bordos de uma placa oceânica densa e uma placa continental mais leve. Nestes casos a placa oceânica afunda em relação à continental e mergulha no manto até se fundir formando grandes fossas oceânicas e cadeias montanhosas tais como a cordilheira dos Andes na América do Sul;

Fig. 4: Exemplo de uma zona de subducção

(in  http://liftoff.msgc.nasa.gov/news/2000/news-collision.as )

2) -  obducção , quando o encontro se dá entre bordos de duas placas continentais. Nestes casos, a baixa densidade das duas placas litosféricas em colisão não facilita a subducção, pelo que, no fundo, se dá um empilhamento das placas continentais (obducção continental) conducente à formação de relevos de grande altitude tais como os Himalaias, resultado da convergência da placa da Índia com a placa Euroasiática.

A perda de material litosférico nas fronteiras convergentes é compensado nas fronteiras divergentes , que se expressam pelos riftes oceânicos. Os riftes são zonas de fractura onde ocorre ascensão do magma que, ao solidificar, formará o fundo oceânico (crosta oceânica).À medida que a nova crosta é formada, as placas, movendo-se lentamente em sentidos opostos, transportam-na e afastam-na do rifte. Conhecendo essa velocidade de afastamento estima-se, por exemplo, que o oceano Atlântico só existe há cerca de 250 milhões de anos.

Nas fronteiras transformantes , as placas deslizam uma paralelamente à outra e não há destruição nem formação de crosta.

Fonte:  http://domingos.home.sapo.pt/

(Luís Domingos)

Com a colaboração de Mourad Bezzeghoud

O sismo de 26 de Dezembro na Indonésia ocorreu na interface das placas da Índia e da Birmânia (zona de subducção) e foi causado pela libertação brusca de tensões que se foram acumulando à medida que a placa da Índia afundou, com uma velocidade de cerca de 6 cm/ano, sob a placa da Birmânia (fig. 5).

Fig. 5: Subducção para o caso do Sismo de Sumatra.

Créditos: Centro Geofísico de Évora.

A complexa tectónica da região inclui várias placas: Austrália, Sunda, Eurásia, Índia e Birmânia. A equipa portuguesa formada por José Fernando Borges, Bento Caldeira e Mourad Bezzeghoud, do Centro de Geofísica de Évora, estimam que o sismo implicou uma ruptura de 1300 km de comprimento e 200 km de largura, com duração de mais de 400 segundos, e deslizamento máximo entre os 10 e 15 metros sobre a sua superfície (fig. 6).

Esta ruptura produziu o deslocamento do fundo oceânico estimado em, pelo menos, 10 m que foi o responsável pelo tsunami.

Fig. 6: Mapa da região epicentral do Sismo de Sumatra (estrela amarela) com indicação da tectónica. A placa Indo-Australiana mergulha sob a placa de Birmânia a uma taxa de cerca de 6cm/ano. Os epicentros das réplicas, fornecidas pelo USGS, de magnitude superior a 4.5 estão assinaladas com um circulo laranja aberto. Os rectângulos tracejados representam a zona de ruptura considerada no estudo.

Créditos: Centro Geofísico de Évora.

Mourad Bezzeghoud, Centro Geofísico de Évora.