Galileo: o primeiro lançamento

29 de Dezembro 2005

O GIOVE-A (Galileo In-Orbit Validation Element - Elemento de Validação em Órbita Galileo), foi lançado ontem por um foguetão Soyuz-Fregat a partir do cosmódromo Baikonur, no Cazaquistão.

Constelação Galileo (desenho artístico)

Crédito: ESA-J. Huart

 

Este é o primeiro lançamento do Galileo, o sistema global europeu de navegação por satélite.

A constelação completa de 30 satélites Galileo, especificamente concebidos para uma utilização civil, deverá oferecer aos cidadãos e aos utilizadores institucionais europeus serviços temporais e de posicionamento global de ponta, com um notável rigor, disponibilidade, integridade e um sinal garantido.

GIOVE -A

GIOVE-A, antes conhecido como GSTB-V2/A (Galileo System Test Bed Version 2), é um satélite de demonstração com cerca de 600 Kg que será responsável durante a sua missão de dois anos por:

 

- assegurar o uso das frequências alocadas ao sistema Galileo pela União Internacional de Telecomunicações

- demonstrar tecnologias críticas para o payload de navegação de futuros satélites operationais Galileo

- caracterizar a radiação ambiental das órbitas planeadas para a constelação Galileu

GIOVE –A (desenho artístico)

Crédito: ESA - P. Carril

GIOVE - A leva consigo dois pequenos  relógios atómicos de rubídio redundantes, cada um erro de 10 nano-segundos por dia, e duas unidades geradoras de sinal, uma que gera sinais Galileo simples e a outra sinais mais representativos. Estes dois sinais serão emitidos através duma antena desenhada para cobrir toda a área terrestre visível sob o satélite. Dois instrumentos irão fazer a monitorização dos tipos de radiação a que o satélite é exposto.

O satélite está a ser controlado pelo Surrey Satellite Technology Ltd., a empresa britânica que o construiu.

O próximo passo

O segundo satélite de demonstração, GIOVE - B, construído pelo consórcio europeu das Indústrias Galileo, está a ser testado e será lançado mais tarde. Uma das suas funções será demonstrar o Passive Hydrogen Maser (PHM), que será o relógio atómico mais preciso em órbita, com um erro inferior a 1 nano–segundo por dia.

Posteriormente, quarto satélites operacionais serão lançados para validar os segmentos básicos do espaço e terrestres do Galileo. Uma vez a fase de validação em órbita (VO) esteja completa, os restantes satélites serão lançados para atingir a capacidade operacional completa.

Os satélites operacionais Galileo terão dois relógios, um PHM e outro de rubídio.

Galileo

A navegação por satélite permite conhecer a nível mundial, a partir de um determinado ponto, a posição, velocidade e tempo onde se encontra o utilizador, esteja ele imóvel ou em movimento.

Galileo será o sistema europeu global de navegação por satélite, permitindo a determinação de posicionamento em tempo real, com uma elevada precisão e integridade. Será o primeiro para uso e com controlo exclusivamente civil.

Este sistema será inter-operável com o GPS (Sistema de Posicionamento Global) e o Glonass, os sistemas de navegação por satélite dos EUA e da Rússia, respectivamente. Para uso civil tem sido utilizado até agora o sistema norte-americano GPS, controlado pelo exército dos Estados Unidos, enquanto que o russo Glonass é usado quase exclusivamente para fins militares.

Quando em pleno funcionamento, Galileo estará na base de uma nova geração de serviços em áreas como os transportes, telecomunicações, agricultura e pescas. O Galileo é uma iniciativa conjunta da Comissão Europeia e da ESA.

O papel de Portugal

O programa GalileoSat da ESA divide-se em duas fases: a fase de “definição”, e a fase de “desenvolvimento e validação”. Os satélites GioVE A e B fazem parte da fase de desenvolvimento.

Na fase de definição houve duas participações portuguesas:

O INESC  participou no desenvolvimento de ferramentas de simulação para o sinal Galileo.

A EDISOFT  começou por trabalhar na especificação de ferramentas de demonstração e participa também na  fase B2  do Galileo, em cujos objectivos inclui-se o fornecimento de serviços temporais e de posicionamento global para utilizadores em todo o mundo.

Actualmente decorre a fase de desenvolvimento e validação, estando em curso a selecção das empresas que vão desenvolver o sistema e validá-lo em órbita com o lançamento de mais 4 satélites operacionais.

Como curiosidade, à frente da Autoridade de Supervisão do GNSS (Global Navigation Satellite System) responsável pela supervisão dos sistemas europeus de navegação por satélite, está um português: Pedro Pedreira, engenheiro electrotécnico, é o director executivo.

Fontes:   ESA Público JornalismoPortoNet  (Adaptado por Ciência Viva)

Informação adicional:

Galileo: página da ESA (inglês)

Galileo: página da  UE  (inglês)

GIOVE-A (inglês)

Veja o lançamento de  GIOVE–A